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ANIVERSÁRIO DO JOÃO MIGUEL

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No último dia 23 de fevereiro (domingo de carnaval), meu caçula João Miguel completou OITO ANOS DE IDADE. Uma idade marcante, que sempre me traz boas recordações da minha própria infância, quando já era leitor do antológico poema de Casimiro de Abreu, cuja métrica é a redondilha maior, a mais utilizada na Literatura de Cordel.

Essa é, sem dúvidas, uma quadra ditosa para qualquer pessoa que tem uma infância saudável, feliz e cercada pelo carinho de seus familiares. E disso o Miguel não tem do que se queixar, pois é muito querido por todos da família. Na foto abaixo, ele aparece com a prima Isabelle e o vovô Policarpo debulhando feijão. A seguir o poema de Casimiro de Abreu, extraído de seu único livro "Primaveras":



Meus oito anos
Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d´estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

[…]

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Enciclopédia Itaú Cultural – Literatura Brasileira. Disponível em www.itaucultural.org.br.



Casimiro de Abreu (1839-1860) foi um poeta brasileiro, autor da obra Meus Oito Anos, um dos poemas mais populares da literatura brasileira. Se destacou na Segunda Geração do Romantismo. ... É nesse período que escreve a maior parte dos poemas de seu único livro Primaveras.

LEIA A BIOGRAFIA NA ÍNTEGRA



VIVA PATATIVA!

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Foto: Natinho Rodrigues


Livro com poemas de Patativa do Assaré 

é lançado nesta quinta-feira (5) 

na cidade natal do poeta


Por Diego Barbosa, VERSO | DN

Organizado pelo pesquisador cearense Gilmar de Carvalho, a obra reúne mais de 50 poemas do mais celebrado poeta popular do Estado, em comemoração ao 111º aniversário do artista
A obra "O Melhor do Patativa do Assaré"é voltada para estudantes de escolas públicas do Estado e terá distribuição gratuita


Patativa do Assaré (1909-2002) entrou na vida de Gilmar de Carvalho por conta de uma artimanha do pesquisador. Fascinado pelos poemas, quis conhecer o poeta. Fez, assim, de tudo para chegar a ele. "Quando assessorei Paulo Linhares, na Secretaria da Cultura, em 1993, cuidei da parte editorial. Decidimos reeditar os cordéis do Patativa, que ficariam numa caixa. Quando ficou pronta, fui entregá-la em Assaré. Foi nosso primeiro longo papo", conta.
A recordação vem acompanhada da bela parceria firmada logo ali, entre papéis, matéria-prima do afeto. Patativa lhe confiou os originais de "Aqui tem Coisa", penúltimo título do trovador, lançado no ano seguinte.
Gilmar, por sua vez, retribuiu estreitando o laço já firmado de bem-querer e respeito. "Decidi fazer um dia de entrevista com ele e este dia foi 15 de fevereiro de 1996. A conversa foi publicada em livro, com o título de 'Patativa Poeta Pássaro do Assaré', cuja segunda edição tem apresentação de Ria Lemaire".
A partir daí, o caminho foi sem volta. Visitas mensais conferiram mais de 500 páginas de diálogos, demarcando a força política, o compromisso com a terra e a cumplicidade do celebrado artista - um agricultor - com os homens e mulheres que trabalham o solo. Um mergulho profundo que, para além de constituir a epifania da vida de Gilmar de Carvalho, naturalmente concedeu ao pesquisador a propriedade e a expertise necessárias para continuar a perpetuar o legado do mais importante poeta popular cearense.
É com esse intento que o livro "O Melhor do Patativa do Assaré" vem a público hoje (5), às 20h, no memorial que leva o nome do trovador, localizado na cidade natal dele. O lançamento integra as comemorações do 111º aniversário de Patativa, e a obra - coedição das secretarias da Cultura e da Educação do Estado - será distribuída para estudantes de escolas públicas cearenses. Não estará, portanto, à venda.

A atividade é apenas uma das várias realizadas na 16ª edição do evento capitaneado pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE), "Patativa do Assaré em Arte e Cultura", como forma de homenagear o poeta-ave. Além do momento, também acontecem, desde terça-feira (3), cortejos, shows, seminários e mesas-redondas, tudo de forma a chancelar a potência do que produziu Antônio Gonçalves da Silva.


 Gilmar de Carvalho manteve enlace de respeito e bem-querer com o poeta - Foto: Natinho Rodrigues


Hoje, no exato dia do aniversário do cantador, ocorre também, para além do lançamento, a solenidade de entrega da Comenda Patativa do Assaré, que reconhece o trabalho de pesquisadores, artistas, poetas e cantores cujo ofício promove o alcance e a valorização da cultura popular tradicional. Os homenageados deste ano são o cineasta Rosemberg Cariry; o pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho; a cordelista Josenir Lacerda; o cantor e compositor Raimundo Fagner; e o pesquisador e escritor Oswald Barroso.
SELEÇÃO
Gilmar de Carvalho explica que falar em "o melhor do Patativa"é redundante porque tudo o que ele fez é melhor. Não à toa, o sentido da coletânea é exatamente preservar o pensamento do estudioso de que o poeta - apelidado de Patativa porque suas poesias eram comparadas com a beleza do canto da ave nativa da Chapada do Araripe - dizia não o que era melhor, mas o que gostava mais.
"A seleção dos poemas foi feita livro por livro. Ainda que criações migrassem de um livro para outro, temos aí um aspecto cronológico. Também pretendemos incluir os folhetos e o fizemos. Patativa está por inteiro nesta obra", situa.
Ainda assim, não é descartada a possibilidade de que outras antologias possam sair desse legado. Trata-se apenas de uma questão de oportunidade. "Se cada um dos estudiosos e pesquisadores que estão no livro fosse convidado para organizar outros volumes, teríamos pelo menos seis outras coletâneas. A criação dele passa por épocas, não por fases. Patativa manteve uma coerência, uma sinceridade que impressiona", complementa Gilmar.
Uma das provas disso é que o único livro dele, mais temático, é o que contempla os cordéis. Por sinal, não gostava muito de folhetos. Seriam comerciais demais para serem vendidos nas feiras.
"Ele tinha consciência de que seus poemas eram 'biscoitos finos', mas nunca fez alarde de sua genialidade, nem poderia fazer, já que ironizava os 'sábios vaidosos'".
Quanto aos estudiosos que Gilmar menciona como integrantes da obra, são vários a desfilar pelas páginas da publicação reiterando a relevância do poeta, tendo em vista que o conheceram e amaram-lhe. Rosemberg Cariry, cineasta, e Oswald Barroso, pesquisador e teatrólogo; Tadeu Feitosa, do Curso de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará (UFC), cuja tese foi sobre Patativa; Eleuda de Carvalho, jornalista; Cláudio Henrique Andrade, sociólogo com mestrado e doutorado sobre o trovador; Ria Lemaire, professora; e Daniel Gonçalves, neto do artista.
Junto aos poemas, cada um dos textos assinados por esses profissionais oferece um panorama, abrindo muitas possibilidades de leituras, conferindo ao público-alvo do livro - estudantes de escolas públicas do Estado - um leque de oportunidades para "entrar" na obra de Patativa.
FORÇA
Gilmar de Carvalho destaca ainda que a proposta para idealizar o material veio em 2012, quando integrou a banca de doutorado de Eleuda de Carvalho, em Florianópolis, e visitou um centro de artesanato. Lá, encontrou, num mostruário, vários exemplares da "Poesia", de Cruz e Sousa, um poeta que Santa Catarina cultua.
"Folheei o livro e vi que a tiragem era de 100 mil exemplares. A recepcionista disse que a distribuição era gratuita e que eu poderia pegar quantos exemplares quisesse. Trouxe três. Tive a ideia de que poderíamos fazer algo parecido com o Patativa. O tempo é cruel, corrói as lembranças, e se não atuarmos neste sentido, a fruição da obra dele será comprometida num futuro próximo".
Daí que Fabiano Piúba, secretário da cultura do Ceará, "comprou" a sugestão, de acordo com o organizador, com entusiasmo. Foi motor para que o projeto amadurecesse e estivesse, agora, pronto.


No dia do aniversário do cantador, ocorre também a solenidade de entrega da Comenda Patativa do Assaré - Foto: Fernando Travessoni

Para além dele, ainda haverá um paradidático que manterá o poeta em evidência, com projeto gráfico de Adriana Oliveira, revisão de Kelsen Bravos e fotos de Alexandre Vale e Francisco Sousa. "O livro ganhou fragmentos da fala do Patativa a partir das entrevistas feitas por mim, e que levam os leitores (as) diretamente à fonte, ao poeta maior".
Gigante mesmo. Na própria obra lançada agora, ficam bastante evidentes, especialmente para os não-iniciados na poética, os muitos ritmos trabalhados pelo artista, vitrine da magnitude expressa em versos. Diversidade de temáticas são abordadas tendo em comum a qualidade, uma espinha dorsal que pretende corrigir as mazelas sociais.
Gilmar, enfim, considera que cada criação assume um tom de denúncia capaz de não perder a excelência literária. Trata-se do testemunho e testamento de um homem que se fez poeta na própria aldeia (Serra de Santana), longe de modismos e rejeitando as tentativas de aceitação por parte do poder.
"Como diria minha amiga e orientadora Jerusa Pires Ferreira (falecida em 2019), vejo a produção do Patativa como um 'grande texto'. Como se fosse um mural dos pintores mexicanos, um dazibao chinês, um afresco medieval, um vitral de catedral europeia e uma parede de taipa de uma casa do sertão. Faço força para não segmentá-lo. Não quero colocá-lo em gavetas. A força de Patativa vem desta integridade e precisa ser difundida, levada ao vento para os que não tiveram o privilégio de conhecê-lo enquanto ele esteve entre nós".

POSSIBILIDADES

O livro, portanto, vem para consolidar que o poeta é sempre, ainda mais nestes tempos de obscurantismo. Nesse sentido, Gilmar recorda de alguns atos que vão ao encontro do espírito crítico do trovador.
"Ele ironizou Castelo Branco em uma quadra, também debochou de Collor de Mello, aproximou Collor com FHC, pelo fatos de ambos serem Fernando, e sempre elogiou Lula, a quem não chegou a ver na Presidência da República. Creio que ele estaria indignado com o que ouviria no rádio, na tevê, e com o que leriam para ele dos jornais. Devia estar triste pelo ponto de indigência política ao qual o Brasil chegou".
Ao mesmo tempo, o pesquisador comemora. O livro é chance de alavancar nome e versos muito importantes por entre corredores de escolas e da própria vida de quem terá contato com produções tão sublimes quanto fortes.
"Nossa expectativa é que muitas outras tiragens venham se somar a esta, dando ao livro a importância que ele precisa e merece ter. E penso não apenas na leitura, mas em uma recepção e recodificação que passe pelas tecnologias. Imagino poemas sendo filmados, fotografados, esquetes sendo montadas, instalações visuais sendo desenvolvidas, músicas a partir de Patativa, escrita de folhetos de cordel, cortes de xilogravuras com cenas dos poemas", enumera.
Um cenário feliz, possível de abraçar nobres causas, em conformidade com o espírito de quem espera que o novo rebento ganhe o mundo com as cores da sabedoria do autor sempre em voo. Um tanto do poeta pássaro, solidário aos homens e mulheres de todos os tempos.

PROGRAMAÇÃO

Entrega oficial de Títulos aos novos Mestres da Cultura Assareenses. Dona Inês (guardiã da Cultura Ceci do Assaré), poeta Dona Lúcia (doceira), Dona Marlene (caretas).
Horário: 14h
Local: Memorial Patativa do Assaré Centro, Assaré, Ceará
Mesa-redonda "Os Mestres da Cultura", com Alênio Carlos Noronha Alencar, coordenador de Patrimônio Cultural e Memória da Secult Ceará, e Vagner Gois, Secretário de Cultura de Assaré.
Horário: 15h
Missa em ação de graças pelo aniversário de 111 anos do Poeta Patativa do Assaré.
Horário: 18h
Local: Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores Centro, Assaré, Ceará
Entrega da Comenda Patativa do Assaré do Governo do Estado do Ceará. Agraciados: Rosemberg Cariry (cineasta); Gilmar de Carvalho (jornalista e pesquisador); Josenir Lacerda (cordelista); Raimundo Fagner (cantor e compositor); Oswald Barroso (jornalista e pesquisador).
Horário: 19h
Local: Memorial Patativa do Assaré Centro, Assaré, Ceará
Lançamento do Livro "O Melhor do Patativa do Assaré" - Secult-CE / Organização: Gilmar de Carvalho
Horário: 20h

Entrega do Título de Cidadão Assareense. Agraciados: Luis Gastão e Fabiano Piúba.
Horário: 20h30
Local: Memorial Patativa do Assaré. Centro, Assaré, Ceará


CONHEÇA OS AGRACIADOS DA 

COMENDA PATATIVA DO ASSARÉ


Rosemberg Cariry
Nascido em Farias Brito, estreou em 1986 com o documentário de longa-metragem "O caldeirão da Santa Cruz do Deserto". Também produziu programas culturais e documentários sobre a história e as artes do Nordeste. Foi um dos criadores do movimento Nação Cariri e fez direção artística de vários discos de artistas cearenses, com destaque para a coleção Memória Viva do Povo Cearense. Ainda exerceu o cargo de secretário de Cultura da cidade de Crato (CE) e publicou quatro livros de poesia.

Gilmar de Carvalho
São vários os títulos que o profissional reúne. Natural de Sobral, é bacharel em Direito e Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará; mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo; e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi professor do Departamento de Comunicação Social da UFC, posto que ocupou desde 1984. É pesquisador das tradições e culturas populares com livros publicados.

Josenir Lacerda
Nascida no Crato, tem trabalho alicerçado na cultura popular e publicou vários cordéis. Pioneira, é uma das fundadoras da Academia de Cordelistas do Crato (ACC), na qual ocupa a cadeira n° 03. Em 2014, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). É de sua expertise versejar em rimas. Dentre suas obras mais importantes estão "O matuto e o orelhão", "O segredo de Marina", "De volta ao Passado", "A Fábula do Peru", "O menino que nasceu falando" e "A danação de Julita".

Raimundo Fagner
Cearense de Orós, Fagner gravou, em 1980, o poema "Vaca Estrela e Boi Fubá", de autoria de Patativa. Amigos, os dois protagonizaram um dos momentos mais emocionantes de suas carreiras quando cantaram juntos, em Assaré, nos 88 anos do maior poeta popular do Brasil. Com projeção nacional e internacional, o cantor e compositor Fagner, cuja carreira começou na década de 1970, teve canções gravadas por grandes nomes da MPB. Um dos maiores sucessos é "Mucuripe", em parceria com Belchior.

Oswald Barroso
Dramaturgo, poeta, jornalista, folclorista e teatrólogo natural de Fortaleza, considera-se um multiartista pesquisador, atuando como uma espécie de griô: vê, ouve, sente e documenta a vida popular. Publicou dezenas de livros, compreendendo artigos, biografias, poesias e textos para teatro. Dentre as homenagens, o Prêmio Estado do Ceará (1985), o título de Cidadão Honorário de Juazeiro do Norte e a Medalha Brasileira Folclorista Emérito (2008), concedido pela Comissão Nacional de Folclore.

Serviço
Lançamento do livro "O Melhor do Patativa do Assaré"
Nesta quinta-feira (5), às 20h, no Auditório do Memorial Patativa do Assaré (Rua Cel. Francisco Gomes, 80, Assaré). Entrada franca. Contato: (88) 99713-2750
O melhor do Patativa do Assaré
Organização: Gilmar de Carvalho
Secretarias de Cultura e de Educação do Estado do Ceará
2020, 234 páginas
Distribuição gratuita

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

ANIVERSÁRIO DO MEU PADIM

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Relembrando o Padre Cícero

Hoje o grande Cícero Romão Batista completa 176 anos de vida. Sim, pois ele vive na memória do povo Nordestino e pode ser visto na cidade que ele criou na região que ele ajudou a ser uma das que mais crescem no país. Um homem inteligente, à frente do seu tempo. Padre Cícero (Crato, 24 de março de 1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi mais que um sacerdote católico brasileiro. Ele foi um Taumaturgo, guia espiritual de multidões. Mesmo sendo uma figura controversa, ninguém pode negar a sua importância para história, a cultura e a religião do Nordeste brasileiro.
 Na devoção popular, é conhecido como Padre Cícero ou Padim Ciço. Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem como do Nordeste.
Padre Cícero, foi sem dúvida, um homem à frente do seu tempo quando ninguém se preocupava com o meio ambiente, o Padre, já dava conselhos ao sertanejo para conviver em harmonia com a natureza, preservando a fauna, a flora e o solo. O Padre-conselheiro também orientava o povo no trabalho e na vida. Juazeiro do Norte, a cidade que ele ajudou a construir, é hoje um dos grandes centros de romaria do Brasil, recebendo todos os anos milhares de fiéis que vêm homenagear o Padre, considerado santo pelo povo nordestino.
Em 2006 escrevi uma biografia do PADIM, em cordel, a pedido de uma editora local, porém o texto continua inédito até hoje. Segue uma pequena amostra do que escrevi:



PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA, O PATRIARCA DO NORDESTE
Autor: Arievaldo Viana

TRECHOS:

Eu vou narrar a história
De um grande brasileiro
Um cearense de fibra
Com fama de milagreiro
Patriarca do sertão
Padre Cícero Romão
O santo de Juazeiro.

É o pastor do romeiro
Nesse sertão nordestino
Conduzir as multidões
Foi na terra o seu destino
Sempre mostrou vocação
Já gostava de oração
No seu tempo de menino.

Seu biógrafo de tino
Padre Azarias Sobreira
Trouxe à luz a sua infância
Numa obra alvissareira
Tendo nascido no Crato
Cícero, menino pacato,
Demonstra fé verdadeira.

E toda a gente romeira
Relembra, sem ter engano,
Foi em mil e oitocentos
E quarenta e quatro, o ano,
Em março, a vinte e três,
Um espírito de luz se fez
A mando do Soberano.

Quando nasceu esse arcano
Os passarinhos cantaram
O sol brilhou com mais força
Seus parentes festejaram
O seu pai, Joaquim Romão,
Elevou sua oração
Aos anjos que o mandaram.

Alguns anos se passaram
Tudo corria sem risco
E o pequenino brincava
Inteligente  e arisco
De “mancha”, de “amarelinha”
De “ciranda, cirandinha”
Com outros de seu aprisco

Na vida de São Francisco
De Sales busca a verdade,
Com doze anos somente
Fez votos de castidade
E consagrou-se a Jesus
Abraçou a sua cruz
Com fervor e humildade.

Ser guia da humanidade
Era esse o seu projeto
Apóstolo dos nordestinos
No seu viver inquieto
Pela seca castigados,
Das hostes de desgarrados
Fez seu rebanho completo.

O seu pai, homem correto,
Pequeno comerciante,
Queria consolidar
O sonho de seu infante
Mas a morte o ceifou
Sua mãe, dona Quinou
Leva o projeto adiante.

Foi discípulo praticante
E aprendeu a disciplina
Com outro santo do povo
Padre-mestre Ibiapina
Um guia das multidões
Que deixou pelos sertões
Sua marca cristalina.

Paraíba pequenina
Possuía um Seminário
Cidade de Cajazeiras
Foi o seu itinerário
Ditou-lhe o Padre Rolim
Teologia e Latim
E as rezas do breviário.

O seu curso secundário
Já estava se concluindo
Quando falece seu pai
Então, com desgosto infindo,
Vê a pobreza chegar
Não pôde continuar
Sua carreira seguindo.

Grande tristeza sentindo
Sem contudo lamentar
Cícero volta para o Crato
Com o fim de ajudar
As irmãs e a mãezinha
Até que vai à Prainha
Seus estudos retomar.

Cícero podia contar
Com um gesto de nobreza
De um parente e padrinho
Que vendo a sua tristeza
Muda o seu itinerário
Guiando-o ao Seminário
Da Prainha, em Fortaleza.

Ali surgiu, com certeza,
O seu dom missionário
Porém, como era místico
Sempre foi visionário
Estuda a Teologia
Cabala e Astrologia
Moldando um imaginário.

Desfiando o seu rosário
Segue o projeto traçado
Até que em oitocentos
E setenta é ordenado
Sacerdote do Divino
Para cumprir seu destino
Como havia planejado.

(...)


Biografia em cordel do Padre Cícero, publicada em 2002
pelas Edições Demócrito Rocha. Foi destaque no Catálogo da FNLIJ
na Feira de Livros Infanto-Juvenis da Bologna, Itália.


ADEUS A DANIEL AZULAY

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Nas décadas de 1970 / 80, todo menino que tinha vocação para desenhista ou pelo menos gostava de rabiscar a mão livre se ligava nas dicas do artista carioca Daniel Azulay, que aparecia nos programas de TV desenhando ao vivo sem muitas firulas, com uma incrível facilidade, o que inspirava autoconfiança nos aprendizes, dispostos a seguir os seus passos. Tinha seus próprios personagens, A TURMA DO LAMBE-LAMBE, com figuras engraçadas como o Prof. Pirajá, a cantora Gilda, os meninos Damiana e Piparote, dentre outros. Além de telespectador assíduo de suas aparições na TV, eu comprava os Gibis que ele lançava regularmente com as histórias de sua trupe.
Era um cara muito criativo, sua arte não se limitava ao desenho. Fazia montagens, colagens, criava brinquedos com materiais simples, fáceis de conseguir, tais como cartolina, isopor, papel celofane, palitos de picolé, embalagens de produtos etc. A base de tudo era cola, fita adesiva, tesoura, pincéis e tinta guache, para dar o acabamento. Hoje cedo fui surpreendido por essa triste notícia do G1 Rio:


Daniel Azulay, desenhista e artista plástico, morre vítima de coronavírus, aos 72 anos

Ele estava internado havia duas semanas na Clínica São Vicente. Daniel lutava contra a leucemia e contraiu o vírus, segundo parentes.
Por G1 Rio
O desenhista, pintor e cartunista Daniel Azulay morreu nesta sexta-feira (27) no Rio de Janeiro. O artista plástico de 72 anos lutava contra uma leucemia e contraiu o coronavírus, segundo parentes e sua página oficial.
Azulay estava internado havia duas semanas no CTI da Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul carioca.


Primeiro gibi da TURMA DO LAMBE-LAMBE, pela BLOCH EDITORES. Essa eu comprei assim que saiu nas bancas, em 1980.


A TURMA em fase mais recente.



Biografia

Daniel ganhou notoriedade no Brasil inteiro nos anos 70 e 80 por participar de programas educativos para públicos infantis, como a Turma do Lambe Lambe, em canais como TV Educativa e Bandeirantes. Posteriormente continuou trabalhando em outros programas e projetos na internet.

DANIEL AZULAY: Autodidata e engajado em causa sociais
Nascido no Rio em 30 de maio de 1947, Azulay foi um desenhista autodidata que se formou em Direito pela Universidade Cândido Mendes em 1969. Na mesma época, começou a publicar suas primeiras histórias em quadrinhos e cartuns em revistas e jornais.
O trabalho de Daniel também ensinava a importância de conceitos como sustentabilidade e meio ambiente. Ao longo da carreira, o artista também se envolveu em vários projetos sociais e de conscientização.
Por exemplo, em 2014 Azulay criou "Soprinho e sua Turma", personagens infantis da Operação Lei Seca do RJ. O personagem Soprinho idealizado pelo desenhista é um bafômetro simpático e falante que, através de histórias bem-humoradas ao lado de seus amigos, alerta e conscientiza as crianças sobre os problemas causados pela mistura de álcool e direção.
Até hoje, estes personagens são usados em ações educativas da Lei Seca para o público infantil.


ADEUS AO POETA

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Stand da editora IMEPH, Bienal do Livro de São Paulo 2018
Lançamento do livro "A História dos Novos Baianos em Cordel", com Rouxinol
do Rinaré, Lucinda Azevedo, Antonio Francisco e Crispiniano Neto.


Morre aos 72 anos cantor baiano Moraes Moreira


Moraes era membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC. Ele estava na casa no Rio de Janeiro e faleceu durante o sono

O cantor baiano Moraes Moreira morreu nesta segunda-feira (13) no Rio de Janeiro. Segundo o Blog do Marrom, o também cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor confirmou a informação. Muito emocionado, Paulinho mal conseguia falar e contou que ele faleceu durante o sono.
A causa da morte de Moraes ainda não foi informada. Também não há informação sobre quando e onde será o sepultamento.


(Foto: Divulgação)

Nascido Antônio Carlos Moreira Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando safona em festas de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em Caculé. Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando com o grupo de 1969 até 1975.
Com Luiz Galvão, compôs a maioria das canções do grupo, que é responsável por um dos discos mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972. O disco foi eleito o melhor da música nacional pela edição brasileira da Rolling Stone em 2007. "Obra-prima dos Novos Baianos, Acabou Chorare nasceu do choque entre o grupo e João Gilberto (engana-se quem imagina que a influência musical foi unilateral. Vale ouvir João Gilberto, o 47º colocado desta mesma lista, e perceber imediatamente que se trata do outro lado de uma mesma moeda.) Depois de um primeiro disco semitropicalista, um tanto psicodélico e essencialmente roqueiro gravado em São Paulo (É Ferro na Boneca, de 1970), a trupe se mudou de mala e cuia para o Rio de Janeiro e por lá se instalou", diz trecho da matéria.
Em 2012 Moraes gravou o disco A Revolta dos Ritmos, que trazia 12 composições inéditas dele. Paralelo ao novo CD, Moraes viajou pelo Brasil, ao lado do seu filho Davi Moraes, com uma turnê comemorando os 40 anos de Acabou Chorare.
Em 2016, foi a vez de fazer uma turnê comemorativa com os Novos Baianos. Depois de 17 anos, Moraes, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão se reencontram para a nova turnê, batizada com nome do disco mais famoso do grupo.
Moraes foi o primeiro artista a cantar num trio elétrico no Carnaval, junto com  o Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. A partir daí, seus frevos ‘trieletrizados’, como ele denominava, passaram a ser marca registrada do nosso Carnaval: Pombo Correio, Chame Gente, Eu Sou o Carnaval, entre outros.
O cantor foi homenageado pelo Carnaval de Salvador em 2017, ao completar sete décadas de vida. Naquele ano, o trio dele teve um problema na embreagem que atrasou bastante a saída. Mas o público se manteve fiel, esperando Moraes, que estava acompanhado do filho Davi.


Último trabalho do artista foi fortemente influenciado pela Literatura de Cordel


 “Tentaram melar meu baba, mas não conseguiram. O povo baiano viu que eu estava lá com minha história, meu repertório, com Davi Moraes, a banda e uma equipe dedicada”, comentou o cantor ao CORREIO.
 “Nossas canções resistiram a tudo e a todos, dando mostras de que vieram para ficar. Passada a euforia dos sucessos imediatos, elas ressurgem gloriosas, no gogó dos foliões, inteiras e renovadas pela juventude. Reforçam assim um conceito que tenho: um bom Carnaval se faz com passado, presente e futuro”, analisou.

Davi, filho de Moraes, também seguiu carreira na música
Na última entrevista concedida, ao jornal O Globo, publicada há menos de duas semanas, Moraes criticou Baby do Brasil. O motivo da desavença foi o espetáculo musical que conta a história dos Novos Baianos, com direção de Otávio Muller e direção musical de Pedro Baby, filho dela, e Davi, filho do cantor. Moraes afirmou que Baby queria um espetáculo que "fosse evangélico" e ignorasse o uso de drogas por parte dos Novos Baianos. Hoje evangélica, a cantora afirmou que a peça é "ficção".
Moraes se irritou. "Dizer que o musical não retrata os Novos Baianos é uma mentira deslavada. Baby queria que o espetáculo fosse evangélico. Que não dissesse que fumou maconha, que tomou ácido, que fez tudo. Assim, os Novos Baianos não seriam revolucionários. João Gilberto deve estar se mexendo na sepultura. Porque o nosso grupo fumou, sim, tomou ácido, sim, fez músicas maravilhosas em estado de fumar maconha, sim. A gente fazia música de inclusive pra ela. As canções dela que fizeram sucesso, como "A menina dança", "Tinindo, trincando", "Os pingos da chuva" e tantas outras, foram feitas na onda, porque naquele tempo a onda era essa", afirmou.
Ele disse ter adorado o espetáculo e aproveitou para fazer uma crítica política ao momento do Brasil. "Vamos parar de mentir em nome de Deus! Éramos fãs de Jimi Hendrix, Janis Joplin. Estávamos afinados com a geração daquele tempo. Será que os Beatles fariam músicas tão lindas se não tivessem tomado ácido? Não morremos de overdose porque a gente era esperto, malandro, seguramos a barra. Isso é preconceito de evangélico. Vai votar em Bolsonaro!".
Durante a quarentena, no mês passado, Moraes escreveu um cordel. Falava da covid-19, mas também do medo da violência e no final faz uma referência a Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018.
Fonte: Jornal CORREIO da Bahia

A história dos Novos Baianos em Cordel,
lançamento Editora IMEPH




MORAES MOREIRA FEZ CORDEL SOBRE O CORONAVÍRUS
Quarentena (Moraes Moreira)

Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito

De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido

Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade

***

HOMENAGEM A MORAES MOREIRA

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Ilustração do livro "A história dos Novos Baianos em Cordel", 
lançado pela Editora IMEPH na Bienal do Livro de SP, em 2018.


Cordel: A Chegada de Moraes Moreira no Céu

Além de músico, artista morto nesta segunda (13) também se destacou na literatura de cordel; leia homenagem do poeta Elton Magalhães


Moraes, Elton Magalhães e José Walter Pires


O cantor Moraes Moreira, que faleceu nesta segunda-feira (13), aos 72 anos, além de ter se eternizado na música popular brasileira com grandes clássicos como 'Preta Pretinha', 'Chame Gente', 'Chão da Praça', entre muitos outros, também se destacou pela sua produção poética através da literatura de cordel.

Em 2015, passou a ocupar a cadeira de número 38 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que tinha como patrono o poeta paraibano Manoel Monteiro. Desde então, suas apresentações passaram a ser um misto de música e recital.
Além de ter escrito um livro contando “A História dos Novos Baianos e Outros Versos”, publicou também “Poeta Não Tem Idade” e o álbum “Ser Tão”, no qual equilibra canções e textos. Numa das faixas, inclusive se assume nessa nova fase: “De Cantor Para Cantador”.

Também poeta e cantador, o professor baiano Elton Magalhães compôs, com exclusividade para o CORREIO, um poema que fala da chegada de Moraes no plano superior (tipo de homenagem bem comum entre os cordelistas). Por lá, é recebido por outros bambas baianos que deixaram saudade e entraram para a eternidade. Confira o texto na íntegra.



Arte: Amanda Lima/Divulgação

A CHEGADA DE MORAES MOREIRA NO CÉU
Autor: Elton Magalhães

Em tempos de pandemia
O mundo respira o mal
Mas os grandes da Bahia
Vão de morte natural
Pr’um outro plano fazer
Um bonito Carnaval.

Assim foi com Riachão
Que abriu as portas do céu
Dizendo: - Saaaaamba, São Pedro!
Com seu lencinho e chapéu
Ganhando dos seus amigos
Um merecido troféu.

Com o samba comendo solto
A multidão foi chegando:
Batatinha deu o tom
Ederaldo foi somando
E o clã baiano no céu
Logo foi se amontoando.

Raulzito, inebriado,
Sentou-se pra observar
Ao lado de Dorival
A baianada chegar
Acompanhada do trio
De Dodô e de Osmar.

A festa estava montada
Santa Dulce abençoando
E ao som da guitarra elétrica
Com os mestres no comando
A chegada de outro mito
O trio ia anunciando.

São Pedro saiu da roda
Pra deixar a porta aberta
E nesse exato momento
A todos fez um alerta:
“Abram alas pra Moraes
Que pr’este plano desperta!”

Tímido, ele foi chegando
E no trio já foi subindo
Foi pegando o microfone
E pro seus mestres sorrindo
Disse a todos “salve salve!
Veja só que dia lindo!”

Pra manter o ritual,
Puxou o Pombo Correio
Dizendo: “sempre sonhei
Em ver esse bloco cheio
Mas cadê meu grande mestre?
Por que será que não veio?”

Certamente ele falava
Do bruxo João Gilberto
Que até mesmo lá no céu
Mantinha o hábito certo
De ficar enclausurado
Com seu pijama coberto.

Mas a comoção foi grande
E logo João chegou
Pois Caymmi, seu amigo,
Da mesa se levantou
Puxou João pelo braço
E este de pronto aceitou.

João Gilberto que estava
Calado até o momento
Disse: “Moraes você é
Sim o meu maior rebento
O grande orgulho da raça:
Receba o meu cumprimento!”

“Acabou chorare, gente!
Eu agora sou eterno
Fugi do triste Brasil
Que se tornou um inferno
Espero que o céu se mostre
Em tudo um lugar fraterno.

Deus me faça brasileiro
Criador e criatura
Nessa terra que é de todos
Distante dessa amargura
E que os meus que lá ficaram
Tenham jogo de cintura.

Nasci em Ituaçu
Lá no Sertão da Bahia
Terra de todo o encanto
Terra de força e magia
Sou filho de Dona Nita
Que sempre foi minha guia.

Com um baiano aprendi
A arte do violão
Tom Zé, o primeiro mestre,
Deu grande contribuição
Pois pra mim a Tropicália
Foi de grande inspiração.

Com os amigos Pepeu,
Baby, Paulinho e Galvão
Tracei uma linda história
Que levo no coração
Os Novos Baianos foram
Pra mim a grande lição.

Segui dando o meu melhor
Para o carnaval baiano
E aos poucos do trio elétrico
A história eu fui mudando
À fobica eu dei a voz
E segui me alumbrando.

Com o meu irmão mais velho,
Zé Walter, o menestrel,
Aprendi métrica e rima
Peguei caneta, papel
E logo fui descobrindo
O universo do Cordel.

Assim, fiz minha passagem
De cantor pra cantador
Exaltando o meu sertão
E esse povo de valor
Homenageei os mestres
Que em vida eu dei valor.

O grande artista do século
É o nosso Rei do Baião
Nesses versos de carinho
Exaltei nossa nação
Através do maioral:
O eterno Gonzagão”.

Foi assim que num rompante
Mestre Lua apareceu
Com seu fole de cem baixos
E a todos ali deu
Um presente: a Asa Branca
O céu todo comoveu.

Moraes Moreira chorando
Diante da emoção
Foi cantando “chame gente”
E assim uma multidão
Foi pelas nuvens pulando
Em grande celebração.

Tocaram Frevo Mulher
Depois Cara e coração
Desabafo e desafio
E Pedaço de canção
Mas o que veio depois
Explodiu a multidão:

Carnaval em cada esquina
Só não foi mais badalada
Do que a épica Vassourinha
Que deixou embriagada
Toda uma multidão
Que estava ali deslumbrada.

Riachão também subiu
No trio causando um rebu
Carregava cachacinha
Meladinha no caju
E pegando o microfone
Foi puxando Besta é tu.

Raul, chegado ao “caju”
Sendo de pouca etiqueta
Também chegou na fobica
E tirou duma maleta
Sua gaita pra tocar
O Mistério do Planeta.

Caymmi também subiu
Preparado para a guerra
Levando João no braço
(Esse é certo: nunca erra)
Com Moraes então fizeram
O Samba da minha terra.

Depois dessa grande festa
E justa recepção
O mestre Moraes, sereno,
Iniciou um sermão
Pra todos ali presentes
Eis sua declaração:

“Sigo sendo como posso
E mostrando como sou
Morri dormindo, e assim
Sei que Deus me abençoou.
Pela vida que vivi
Orgulhoso aqui estou.

Na minha velha Bahia
Quando era bem menino
E eu ainda digo mais:
Menino e beduíno
Com jeito de mercador
Preparei singelo hino!

Peço a Deus que nesse instante
Se compadeça do povo
Que na terra, isolado,
Quer viver livre de novo
E que essa pandemia
Deixe de ser um estorvo.

Para o povo lá da Terra
Eu só queria escrever
‘Tudo passa e em breve
Todos poderão dizer:
Abra a porta e a janela
E vem ver o sol nascer’”

Elton Magalhães, 13/04/2020

Fonte: JORNAL CORREIO (da Bahia)

MESTRES DO CORDEL

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UM POUCO DA HISTÓRIA DO POETA-EDITOR JOAQUIM BATISTA DE SENA 

Por: Arievaldo Vianna


No dia 8 de junho de 1982, ocorreu um grande acidente aéreo na Serra da Aratanha, próximo ao município de Pacatuba (na Região Metropolitana de Fortaleza-CE). Um Boeing 727-200 (voo VASP 168) chocou-se contra a montanha, causando a morte de todos os 136 ocupantes, numa das maiores tragédias da aviação comercial brasileira.
Segundo o noticiário da época, o comandante pediu para deixar o nível de cruzeiro a aproximadamente 253 km de Fortaleza, quando pelas cartas de navegação utilizadas para a aproximação ao Aeroporto Pinto Martins deveria fazê-lo a 159 km. Tanto o controle de tráfego quanto o seu auxiliar não questionaram o motivo de descer tão longe. Ao estabilizar na altitude autorizada pelo tráfego, já dava para ver as luzes da capital cearense. Foi quando o copiloto disse: "Não tem uns morrotes aí na frente?". Nesse momento, o Boeing da Vasp sobrevoava a região de Pacatuba. Seis alarmes soaram na cabine, mas o piloto os ignorou, e, às 02h53, o Boeing se chocou contra a Serra de Aratanha sem deixar sobreviventes.
Tragédias como essa jamais passam despercebidas pelos poetas do Cordel, notadamente os adeptos do folheto reportagem. Assim, em julho daquele ano, cerca de um mês após o grande acidente, eu me encontrava na Praça José de Alencar (ou seria na Praça da Estação?), em Fortaleza, dentro de um ônibus que me levaria até Maranguape, quando subiu um senhor alto, meio avermelhado, pele tostada pelo sol de verão da nossa capital, conduzindo um maço de folhetos na mão. Pediu-nos um minuto de nossa atenção e começou a contar a tragédia nos versos que se seguem:

Com ordem e consentimento
Do Grande Deus Verdadeiro
Vou narrar uma tragédia
Que abalou o estrangeiro
Enlutando o Ceará
E quase o Brasil inteiro.

Quando um avião da VASP
Por coincidência estranha
Com toda força arrojou-se
No Pico da Aratanha
Se transformando em pedaços
No choque com a montanha.

Já chegando em Fortaleza
Num instante temeroso
Cento e trinta e seis pessoas
De um modo tenebroso
Morreram sem esperar
No desastre pavoroso.

(...)

Sobrevoando o espaço
Na Serra da Aratanha
O comandante do Boeing
Por motivo que estranha
Invés de passar por cima
Chocou-se contra a montanha.

Ouviu-se um grande estrondo
Pela alta madrugada
Avisaram à [sic] Fortaleza
Seguiu gente em disparada
Para socorrer as vítimas
Da tragédia inesperada.

Um bebê de cinco meses
Que no Boeing viajava
Naquele exato momento
Na porta do céu entrava
E atrás dele um cortejo
De almas lhe acompanhava.

(...)

(A tragédia do avião que se espatifou no Pico da Aratanha e matou 136 pessoas– Joaquim Batista de Sena / Vidal Santos, 1982).

O curioso personagem em questão era ninguém menos que o poeta, editor e folheteiro Joaquim Batista de Sena, um dos grandes expoentes da nossa Literatura de Cordel que dava continuidade a um ofício por ele iniciado há quase 50 anos. Pelo que pude apurar posteriormente, o folheto escrito em parceria com o poeta Vidal Santos (Beneditinos-PI) teve posteriormente uma enorme tiragem patrocinada pelo Café Guimarães, sendo distribuída gratuitamente pelos revendedores dos produtos dessa empresa. Além dessa obra, de cunho jornalístico, o velho poeta trazia também outros títulos de sua autoria, que foram comercializados no interior do coletivo. Eu já conhecia o poeta de nome, uma vez que lera alguns títulos de sua lavra, como História de Braz e Anália e Os amores de Chiquinha e as bravuras de Apolinário, ambos editados na Casa dos Horóscopos, editora de Manoel Caboclo e Silva, sediada em Juazeiro do Norte.  Fiquei admirando a desenvoltura do velho trovador, que falava desembaraçadamente, com voz impostada e boa dicção. Qualquer verso tornava-se bonito na sua voz, desde que fosse metrificado, condição da qual o poeta jamais abria mão. Segundo Guaipuan Vieira, Paulo de Tarso e outros poetas que conviveram com ele nesse período, o velho mestre tremia de indignação quando via um verso mal feito, de métrica ruim e rimas claudicantes:
Isto é uma vergonha!
E se o autor estava por perto, abrandava o tom de voz e dava úteis conselhos para aprimoramento de seu estro. Em meu livro Acorda Cordel na Sala de Aula, segunda edição impressa em 2010, fiz questão de apresentar uma galeria de grandes poetas, dando especial destaque ao nome de Joaquim Batista de Sena, um poeta-editor que atuou por anos e anos em terras cearenses. Eis o texto, devidamente acrescido de algumas informações:




Joaquim Batista de Sena,
 um continuador da tradição


Joaquim Batista de Sena foi o maior editor de cordel em Fortaleza entre os anos 1950 e 1970


JOAQUIM BATISTA DE SENA nasceu no dia 21 de maio de 1912, no sítio Lagoa de Pedras, próximo à Fazenda Velha, na época integrada ao município paraibano de Bananeiras, hoje pertencente à  Solânea-PB. O poeta era filho de Manoel Batista de Sena e Francisca Ana das Dores (Francisca Batista de Sena, após o casamento), lavradores e pequenos proprietários rurais. Faleceu no dia 13 de outubro de 1993 em Fortaleza-CE e foi sepultado no cemitério Parque da Paz, nesta capital, conforme Certidão de Óbito adquirida pelo pesquisador José Paulo Ribeiro, de Guarabira-PB,  por intermédio da filha do poeta Ivete Sena. Fazemos questão de ressaltar essa contribuição de José Paulo porque muitos pesquisadores ou ignoravam ou davam uma data completamente errada para a morte do poeta.

No folheto Sertão, cardos e cantadores (Tipografia Graças Fátima, s.d.), Joaquim Batista de Sena apresenta alguns textos autobiográficos, alternando a prosa e a poesia, como é o caso do poema “A minha Lagoa de Pedras”, que trata do local de seu nascimento:

Minha Lagoa de Pedras
Minha campina saudosa
Planalto onde eu nasci
Numa manhã radiosa
E onde o sol à tardinha
Se punha da cor de rosa.

Minha floresta sortida
De amorosa e pereiro
De gachumba e umburanas
Catingueira e marmeleiro
Macambira e xique-xique
Icó, cardeiro e facheiro.

Parece-me ouvir o pranto
Das cigarras do inverno
Naquelas matas frondosas
Cada um canto doce e terno
Como as trombetas dos anjos
Nas diversões do Eterno.

Na transformação do homem
Não digo que Deus é mau
Embora eu morra cantando
Triste como o urutau,
Os tempos da minha infância
Dos meus cavalos de pau.

Autodidata, adquiriu vasto conhecimento sobre cultura popular e era um defensor intransigente da poesia popular nordestina. Começou como cantador de viola, permanecendo três anos nesse ofício, no final da década de 30, conforme depoimento gravado pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS).  Ainda nessa preciosa declaração, Batista de Sena diz que aprendeu a ler com imensa dificuldade numa Carta de ABC de Landelino Rocha, auxiliado por um feitor de estradas que passava rapidamente pela manhã e lhe ensinava uma lição, retornando somente no final da tarde para retomá-la. Nas páginas finais dessa pequena cartilha, que tem o mesmo formato dos folhetos de cordel, lê-se a seguinte máxima: “A perseverança vence todas as dificuldades”. Realmente, o grande poeta paraibano teve que superar inúmeros obstáculos, os quais conseguiu vencer graças a sua inteligência e, sobretudo, à perseverança.


No início da década de 40, vendeu um sítio de sua propriedade e adquiriu sua primeira tipografia, que funcionou algum tempo na cidade de Guarabira-PB, transferindo-se depois para Fortaleza, onde atuou durante muitos anos. Dizia-se discípulo de Leandro Gomes de Barros e era admirador incondicional de José Camelo de Melo. Na capital cearense, sua casa editora chamou-se inicialmente “Folhetaria São Joaquim” ou “Editora O Crepúsculo” e funcionou inicialmente no bairro Floresta (Rua Estrela do Norte, 26, hoje Álvaro Wayne). Depois a tipografia adotou o nome de “Folhetaria Graças Fátima” e passou a funcionar na Rua Liberato Barroso, 725, no centro de Fortaleza.
O poeta explicava a razão desse título: durante a passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima pelo Nordeste, na década de 50, ele conseguiu ganhar muito dinheiro vendendo folhetos sobre a visita da santa, ampliando consideravelmente seus negócios. Por essa época, foi vítima de um naufrágio da Baía de Quebra-Potes (Maranhão). Salvou-se nadando, mas perdeu uma mala de folhetos, contendo diversos originais.
Em 1973, vendeu sua gráfica e sua propriedade literária para Manoel Caboclo e Silva e tentou estabelecer-se no Rio de Janeiro, também no ramo da literatura de cordel, mas não foi bem sucedido. De volta ao Ceará, ainda editou alguns folhetos de sucesso, como o que escreveu em parceria com Vidal Santos, sobre o desastre aéreo da Serra da Aratanha (Pacatuba-CE), onde faleceu, dentre outros, o industrial Edson Queiroz.
Na década de 1980, o poeta viveu por alguns anos no Rio de Janeiro, para onde se mudou com parte da família. Ali tentou montar uma editora de cordel, porém não foi adiante, pois os filhos preferiam direcionar as atividades da gráfica para o ramo comercial. Nesse período, conviveu com Gonçalo Ferreira, Raimundo Santa Helena, Mestre Azulão, Apolônio Alves dos Santos e outros poetas em atividade na Feira de São Cristóvão, tornando-se um dos fundadores da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, surgida em 1987.
Sena era um grande poeta, de verve apurada e rico vocabulário. Conhecia bem os costumes, a fauna, a flora e a geografia nordestina, motivo pelo qual seus romances eram ricos em descrições dessa natureza. Pode-se dizer que com a sua morte, fechou-se um ciclo na poesia popular nordestina e o gênero “romance” perdeu um de seus maiores poetas. Só agora, no início deste novo século, surgem novos romancistas que pretendem dar continuidade à trilha deixada pelo mestre.
Com relação ao seu posicionamento político, explicitada principalmente em folhetos-reportagem das décadas de 1960 e 70, convém notar que o poeta era direitista e extremamente influenciado pela ala conservadora da igreja católica, diferentemente de Leandro e José Camelo, poetas que admirava, e que tinham um senso crítico aguçado e espírito libertário. O mesmo se pode dizer, por exemplo, de Rodolfo Coelho Cavalcante, outro poeta de sua geração. Essa sua postura conservadora não passou despercebida a estudiosos que se ocuparam de sua obra, como Eduardo Campos (em Cantador, Musa e Viola) e Ivan Cavalcanti Proença (A Ideologia do Cordel).
Ideologia a parte, o que se sobressai na obra de Joaquim Batista de Sena é o seu profundo conhecimento dos hábitos e costumes sertanejos e perfeito domínio das técnicas de narrativa. Ademais, sua boa sintonia com o público nos deixou um legado de, pelo menos, uns vinte clássicos da Literatura de Cordel.
Entre as suas obras de maior recepção popular, destacamos: A filha noiva do pai ou Amor culpa e perdão; A morte comanda o cangaço; As sete espadas de dores de Maria Santíssima; Estória de Manoel Seguro e Manoel Xexeiro; História de João Mimoso e o castelo maldito; História de Braz e Anália; Os amores de Chiquinha e as bravuras de Apolinário; História do assassinato de Manoel Machado e a vingança do seu filho Samuel; História dos três irmãos lavradores e os três cavalos encantados; Luta e vitória de São Cipriano contra Adrião Mágico; História do Príncipe João Corajoso e a princesa do Reino Não-vai-ninguém; História da novela de Antônio Maria em versos de cordel; O defensor da honra e o Barba Azul do Sertão; História da vida, morte e enterro de Fernando da Gata; O amor de uma órfã ou Conrado e Lúcia e Estória do Rei teimoso.

Principal fonte de consulta: VIANA, Arievaldo. Acorda Cordel na Sala de Aula, 2010, p. 89

LETRAS DO CEARÁ

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Fundação Demócrito Rocha dá início a curso sobre literatura cearense nesta segunda; inscrições estão abertas


"Literatura cearense: notas introdutórias"é o tema do primeiro fascículo do curso de extensão "Literatura cearense", composto por doze módulos. Curso terá videoaulas, podcasts e webconferências

Por: IVIG FREITAS | O POVO




Rachel de Queiroz (Foto: Carlus Campos)

Tem início na segunda, 18, o curso básico de extensão gratuito “Literatura Cearense”, promovido pela Fundação Demócrito Rocha. “Literatura cearense: notas introdutórias” é o tema do primeiro dos doze fascículos que compõem o curso. Além do material impresso, todo o conteúdo digital complementar poderá ser acessado por meio do site da Universidade Aberta do Nordeste (Uane). O curso é gratuito e aberto ao público e reúne profissionais e estudiosos da literatura do Estado e seu conteúdo percorre os diferentes caminhos que formam as letras do Ceará e a ligação com sua gente.
Com participação e curadoria do professor de literatura Charles Ribeiro, a primeira aula do curso busca apresentar aos alunos um panorama geral das letras produzidas no Ceará, desde o seu surgimento à contemporaneidade. A intenção é apresentar para todos uma historiografia ampliada da nossa produção literária”, conta o escritor Raymundo Netto, coordenador geral do curso. As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas pela plataforma de cursos da FDR.
Serão 12 fascículos encartados sempre às segundas-feiras no O POVO e também disponibilizados em formato digital. As videoaulas serão exibidas às quintas-feiras na TV O POVO, com duração de 15 minutos. Os alunos também poderão contar com seis podcasts que terão a participação de conteudistas e convidados, transmitidas pela Rádio O POVO CBN 1.010 AM aos sábados sempre às 9h. Todo o material do curso estará disponível numa sala de aula virtual e, ao final do curso, os inscritos receberão certificação pela Universidade Federal do Ceará.

As aulas tratam de diversas temáticas que constituem a historiografia da literatura cearense, como o romantismo, o realismo, a escrita feminina e literatura fantástica e cordel. Gratuita, a iniciativa visa despertar o interesse e a leitura da literatura produzida no Ceará, desde a sua origem à contemporaneidade - contada por meio de seus autores, agremiações literárias e obras referenciais, em consonância com os estudos da Literatura Brasileira. Voltado para educadores, pesquisadores ou estudantes em geral, o curso busca alcançar diferentes públicos interessados em conhecer melhor a produção literária do Estado, que tem seus primeiros registros datados do século XIX.



Inscrições gratuitas por meio do link
http://admcursos.fdr.org.br/inscricao/31

CONTEÚDO

MÓDULO 1 - LITERATURA CEARENSE: NOTAS INTRODUTÓRIAS
Autores: Charles Ribeiro e Lílian Martins.

MÓDULO 2 - SOB AS ASAS DA JANDAIA: ROMANTISMO Parte I
Autor: Paulo de Tarso Pardal.

MÓDULO 3 - POEMAS PARA A LIBERDADE: ROMANTISMO Parte II
Autor: Carlos Vazconcelos.

MÓDULO 4 - MULHERES ESCRITORAS: AS PIONEIRAS NO SÉCULO XIX
Autoras: Gildênia Moura e Carla Castro.

MÓDULO 5 - JUNTOU A FOME COM A VONTADE DE LER: REALISMO/NATURALISMO
Autor: José Leite Jr.

MÓDULO 6 - À ESPERA DO PÃO: A PADARIA ESPIRITUAL E O SIMBOLISMO
Autor: Sânzio de Azevedo.

MÓDULO 7 - O CANTO NOVO DE UMA RAÇA: PRÉ-MODERNISMO E MODERNISMO
Autor: Raymundo Netto.

MÓDULO 8 - LITERATURA E ARTES PLÁSTICAS: GRUPOS CLÃ E SCAP
Autores: Vera Lúcia de Moraes e Anderson Sousa.

MÓDULO 9 - DA VANGUARDA À DITADURA: LITERATURA EM ENCRUZILHADAS
Autoras: Fernanda Diniz e Kedma Damasceno.

MÓDULO 10 - ESCRITOS DO IGNOTO: A LITERATURA FANTÁSTICA
Autora: Aíla Sampaio.

MÓDULO 11 - MALA DE ROMANCES: A LITERATURA DE CORDEL
Autores: Arievaldo Viana e Stélio Torquato.

MÓDULO 12 - ITINERÁRIOS DE LEITURA: UM PASSEIO PELA LITERATURA DO CEARÁ
Autoras: Lílian Martins, Vanessa Passos e Nina Rizzi.





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