Almanaque O JUÍZO DO ANO (Coleção Arievaldo Vianna)
AS PROFECIAS DE MANOEL CABOCLO
Por Eliézer Rodrigues (jornalista)
Em dias tão turbulentos e apreensivos e sem imaginação, nada criativos, pelos quais estamos vivendo, como faz falta o almanaque “O Juízo do Ano”, publicação de Manoel Caboclo, editada, em Juazeiro do Norte. Caboclo pressagiava, também, muitas revoltas, crimes misteriosos, assaltos e vinganças terríveis. Tudo em versos de cordel.
Semelhantes ao formato dos folhetos de cordel, distribuídos em todo Nordeste com tiragem que chegava a 40 mil exemplares, entre 1959 e 1996, os almanaques eram disputadíssimos, principalmente pela criatividade na abordagem dos temas.
Além das indicações meteorológicas, tendo o sertanejo nordestino como alvo predileto, a publicação trazia conselhos favoráveis ao cultivo, além de previsões astrológicas, parapsicologia, numerologia e até ciências ocultas.
Tive a felicidade de entrevistá-lo (Jornal Diário do Nordeste/ edição 20/12/1992), em sua residência, em Juazeiro do Norte, pouco anos antes dele falecer, em 1996. Após a sua morte, o almanaque “O Juízo do Ano”, já em crise, deixou de circular.
Foto: Manoel Caboclo editava o almanaque, na sua gráfica, instalada na casa dele.
Os ALMANAQUES POPULARES e a LITERATURA DE CORDEL

João Ferreira de Lima foi sócio de Manoel Caboclo, durante a década de 1960. Caboclo era colaborador e distribuidor do Almanaque de Pernambuco no Ceará. Depois disso, Manoel Caboclo resolveu criar o seu próprio almanaque, batizado O JUÍZO DO ANO, que circulou até a década de 1990.
No seu rastro surgiram outros almanaques similares, escritos e editados por poetas populares, como é o caso de Costa Leite, Vicente Vitorino de Melo e Manoel Caboclo e Silva. Destes, o único que ainda se encontra em atividade é Costa Leite, editando seu vetusto almanaque pela Editora Coqueiro. (A.V.)